Artesanal: para onde aponta a cozinha de Roberta Sudbrack em 2014

Maio 2014

Artesanal Roberta Sudbrack

Não me restam muitos adjetivos pra falar da cozinha de Roberta Sudbrack. Quem acompanha esse blog sabe quantas linhas já dediquei ao assunto aqui - as esboçadas neste post de julho passado talvez sejam aquelas em que melhor consegui sintetizar a visão que tenho de seu trabalho.

Volto ao assunto porque na noite da última segunda-feira, como de costume, a chef reuniu algumas pessoas para apresentar sua coleção do ano, que apropriadamente intitulou “Artesanal”. Entre os convidados, além de jornalistas e amigos, estavam alguns de seus fornecedores, como o pescador Mário, a agricultora Fátima e o mineiro Roninho, que comanda a Mercearia Paraopeba, em Itabirito.

A intenção da chef era mais a de descortinar as referências que permearão sua caminhada ao longo do ano do que propriamente a de apresentar todos os pratos que venham a figurar no cardápio em 2014. Do que se viu ali, o que se pode esperar é encontrar a jaca como um de seus protagonistas. Assim como bouillons e consommés, que sempre marcaram a cozinha de Roberta, mas me pareceram ainda mais presentes agora. Foram muitos nesta noite de estreia: de cebola, de jaca, de jamón, de galinha caipira. Sempre marcados pela habilidade com que a chef conjuga delicadeza e profundidade de sabor em sua execução.

Como sempre, rituais cheios de simbolismos e pratos reveladores de um exercício de criação que jamais é despido de significado e sabe bem de onde vem e para onde vai – e não me refiro apenas à lucidez de suas escolhas, mas ao indiscutível DNA brasileiro de sua cozinha. Dos braseiros de onde escapava o perfume da carne de sol à versão do incontornável arroz com ovo, o que  a  chef esquadrinha é o nosso modo de comer. Tomo emprestadas as palavras do mestre Carlos Alberto Dória no recém-lançado livro "Eu sou do camarão ensopadinho com chuchu", pois resumem o que quero dizer melhor do que eu jamais faria: “Roberta resolve o dilema ‘nacionalista’ pelo caminho do que as pessoas realmente comem no cotidiano; não por meio de ‘expedições’ que hoje são feitas por chefs de cozinha para ‘redescobrir’ ingredientes nativos nos confins da Amazônia ou do cerrado brasileiro”. É isso.

No mais, de minha parte, vou torcer pra reencontrar nos menus em cartaz nos próximos meses muitos dos pratos que experimentei na noite de segunda-feira. Especialmente estes que compartilho com vocês agora.

Picles de jaca verde, gelatina de caqui, ovas.

Artesanal Roberta Sudbrack

Perfumado bouillon de jaca, de sutil doçura, com cenourinhas e uma perfeita tempura de suas folhas.

Artesanal Roberta Sudbrack

Vermelho e cebola assada, em saboroso bouillon de jamón.

Artesanal Roberta Sudbrack

Deliciosa carne de sol na brasa com couve-flor queimada e chá de jaca.

Artesanal Roberta Sudbrack

Fraldinha na brasa com inhame e um inesquecível aïoli de urucum.

Artesanal Roberta Sudbrack

Delicadíssimo arroz japonês em creme de baunilha, coroado com um naco de doce de tomate. A sobremesa que abalou minha predileção pelo riz au lait com caramelo salgado.

Artesanal Roberta Sudbrack

Roberta Sudbrack - Avenida Lineu de Paula Machado, 916 - Jardim Botânico

http://www.robertasudbrack.com.br/

por: Alhos, Passas & Maçãs em 09-05-2014
Constance,
reservando passagem e hotel em 5, 4, 3, 2...
Brincadeiras de lado, muita curiosidade de conhecer os novos pratos. Na contramão de tanta pirotecnia celebrada por mídia e foodies tão vaidosos quanto ignaros, a comida de Roberta Sudbrack, para mim, continua a ser a primeira do Brasil.
Beijos!
por: Constance em 09-05-2014
Quanto mais como em outros lugares, dentro e fora do Brasil, mais se agiganta na minha percepção a cozinha da Roberta, Alhos. Inclusive pela coragem que ela tem de andar na contramão de tudo o que está estabelecido. Sinto que muitas pessoas (muitas mesmo) continuam não compreendendo o valor do trabalho dela. Mas que bom perceber que isso não a desvia nem um centímetro do caminho em que acredita. Sigamos comendo lá e e celebrando o fato de termos um restaurante como esse por aqui. Beijo saudoso.
por: Cris del Corsso em 09-05-2014
Constance;
Cada vez mais eu admiro a Roberta; ela não tem medo de fazer comida de verdade e apresentá-la como tal. Mais ainda; impõe desafios como o de trabalhar com ingredientes pouco apreciados pela maioria da população e transforma-os em verdadeiras preciosidades gustativas (além de olfativas, visuais, e, como às vezes eu como com as mãos, posso dizer que são preciosidades táteis também). Conheci a Coleção 2014 quarta feira dessa semana; ontem e hoje já vi que tínhamos mais algumas novidades. Ela não pára! Sorte nossa que a melhor cozinheira do Brasil gostou do Rio de Janeiro. Beijos, Cris
por: Constance em 09-05-2014
Sorte nossa, Cris ; )
por: Katia Albuquerque em 10-05-2014
Curiosa para conferir este novo cardápio da Chef. Seus comentários me dão a certeza de que não me decepcionarei. Continua acreditando e confiando nas suas resenhas.
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